Por Renato Deccache - renato.deccache@folhadirigida.com.br
Um trastorno complexo e que gera, entre outras coisas, comprometimentos na habilidade de comunicação e dificuldades do ponto de vista da interação social. Estas são algumas características do autismo, um distúrbio ainda pouco conhecido pelos brasileiros mas que, segundo o professor Eugênio Cunha, doutorando e mestre em educação, professor, psicopedagogo e jornalista, traz dificuldades para o processo de aprendizado.
Autor dos livros “Autismo e inclusão” e “Autismo na escola: um jeito diferente de aprender, um jeito diferente de ensinar”, publicados pela WAK Editora, o especialista salienta que não há uma receita para o trabalho pedagógico com os autistas. Até porque o distúrbio afeta cada pessoa de forma diferente. Mas, ele salienta que algumas diretrizes, válidas para o público em geral, são fundamentais para trabalhar com este público.
“É necessário mergulhar nos afetos do autista: descobrir seus interesses, desejos, sonhos possibilidades, dificuldades, enfim, conhecê-lo bem. Em termos pedagógicos, o professor precisa descobrir quais habilidades seu aluno já possui e quais ele precisa adquirir. A partir daí escolher os materiais adequados”, destaca.
Pesquisador na área educacional vinculado ao Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas de Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF), Eugênio Cunha, nesta entrevista, fala sobre o que é o autismo, como pode ser feito o trabalho pedagógico com alunos que possuem este distúrbio, a necessidade de qualificação dos professores, inclusão de pessoas com deficiência, entre outros temas.
FOLHA DIRIGIDA — O senhor é autor de dois livros sobre autismo. Poderia nos explicar, em linhas gerais, o que é esta síndrome?
Eugênio Cunha — O autismo é uma síndrome proveniente de causas ainda desconhecidas, mas com grande contribuição de fatores genéticos. Trata-se de um transtorno complexo com sintomas e quadros comportamentais distintos. Os sintomas giram em torno de uma tríade principal: comprometimentos na comunicação, dificuldades na interação social e atividades restritas e repetitivas, o que ocasiona uma forma de pensar rígida, muito literal e com pouca ingerência simbólica.
Como o autismo interfere na capacidade de aprendizado de um estudante?
Primeiramente em razão da tríade: comunicação, interação e rigidez de pensamento. A escola é um espaço essencialmente social de comunicação e interação. Mas não é somente no espaço escolar que surgem as dificuldades, porque o aprendente com autismo cria formas próprias de relacionamento. Em consequência do convívio, todos nós adquirimos uma mente social, que nos possibilita fazer conexões apropriadas com o mundo ao redor. Todavia, na conduta autística, é comum a fixação demasiada em detalhes específicos, percebidos menos em razão do conhecimento social e mais por causa do estímulo que o indivíduo recebe de determinado objeto ou situação. Isto provoca comportamentos peculiares. Assim, a pessoa passa a ter uma relação singular com tudo que é externo, dificultando também a aprendizagem.
De que forma deve ser o trabalho pedagógico para um estudante autista? Que práticas e materiais o professor pode usar?
Eu sempre digo que não há receita de bolo. Digo também que não conheço dois autistas iguais. O que funciona com um pode não funcionar com outro. Porém, há aspectos básicos na aprendizagem humana que são inerentes também a alunos com autismo: a afetividade do aluno, os seus interesses e a funcionalidade do trabalho pedagógico. O que se ensina precisa fazer sentido. É necessário mergulhar nos afetos do autista: descobrir seus interesses, desejos, sonhos possibilidades, dificuldades, enfim, conhecê-lo bem. Em termos pedagógicos, o professor precisa descobrir quais habilidades seu aluno já possui e quais ele precisa adquirir. A partir daí escolher os materiais adequados. Podem ser habilidades sociais ou acadêmicas. Sempre priorizando a comunicação e a socialização.
Nos últimos anos, muitos têm defendido a inclusão de alunos com deficiência em turmas regulares. Isto é possível com os autistas? O que as escolas precisariam ter para a inclusão de alunos com autismo nas demais classes?
Primeiramente, precisamos lembrar que o autismo é uma síndrome com sintomas bem diferentes em cada indivíduo. Então, dependendo dos comprometimentos, é totalmente possível e até natural que alunos com autismo estudem em classes comuns, mesmo começando por uma classe especial. Não somente isso, mas que cheguem à universidade. Para tal, a escola precisa ser realmente inclusiva. Isto é, não apenas integrar o aluno fisicamente em seu espaço, mas se adequar a ele. Isso é possível, mas não depende só da escola. Depende também dos governos, principalmente dando condições para a formação do professor.
As escolas, de maneira geral, estão preparadas para incluir, nas turmas regulares, os autistas e, até mesmo, os alunos com outros tipos de deficiência?
Poucas são as escolas do ensino comum que têm espaços adequados e profissionais capacitados para trabalhar na educação inclusiva. São necessárias ações que materializem as políticas educacionais que tratam da inclusão no cotidiano das escolas. É um grande desafio. É preciso promover a preparação docente, adaptação do espaço escolar, investimento financeiro na aquisição de materiais pedagógicos e apoio à família do aluno com necessidades educacionais especiais.
O senhor é favorável à inclusão das pessoas com deficiência nas turmas regulares? ou acredita que o mais adequado é a existência de turmas específicas, com professores e materiais pedagógicos mais direcionados a esse público?
O que se pretende hoje na educação é um sistema inclusivo, que abarca a escola regular e a escola especial. A escola regular torna-se inclusiva quando prepara o aluno para seu espaço pedagógico e para a sociedade. Por sua vez, a escola especial também se torna inclusiva quando prepara o aluno para a escola regular e para a sociedade. Há turmas especiais em escolas regulares, mas devem seguir esse mesmo ideário. A educação na sociedade contemporânea demanda um tipo de ensino: o ensino inclusivo. Evidentemente, as necessidades do aluno dirão onde será mais adequado estudar: na classe comum, especial ou nas duas.
Na novela Amor à Vida, é retratada uma personagem com autismo. A forma como este problema está sendo apresentado é adequada? Reflete o dia a dia dos autistas? Acredita que, com este personagem, o público poderá entender melhor a realidade de um autista?
É sempre positivo trazer, com responsabilidade, a discussão a respeito do autismo e também de outras deficiências. Eu acredito e torço para que, com o personagem, o público possa entender melhor a realidade do autismo e, com isso, evitar o preconceito e a discriminação. Como os sintomas do autismo diferem de pessoa para pessoa e a novela está no inicio, não há como dizer, até o momento, que a forma como este problema está sendo apresentado não está adequada. Como eu disse, espero que até o final da novela os telespectadores conheçam um pouco mais sobre o assunto.
O senhor defende que educar o aluno com autismo exige uma relação dialógica, que pressupõe um modo diferente de aprender e de ensinar. Pode nos falar um pouco sobre essa relação?
A educação pressupõe ouvir o aluno, conhecê-lo. Com um olhar instrumentalizado e sensível, a partir do aluno, o professor estabelece seu trabalho. Na educação especial, não há metodologias ou técnicas salvadoras. Mas a possibilidade de uma formação do educando, considerando a função social e construtivista da escola. Entretanto, o ensino dos conteúdos escolares não precisa estar centrado nas funções formais e nos limites pré-estabelecidos pelo currículo escolar. A escola necessita aprender a lidar com a realidade de cada aprendente. Nessa relação, quem primeiro aprende é o professor e quem primeiro ensina é o aluno.
O senhor também é especialista em distúrbios de aprendizagem. Quais os que mais afetam os estudantes? Poderia nos falar, resumidamente, sobre cada um deles?
Os transtornos emocionais são comuns. São provenientes de problemas como perda do pai ou mãe, separação dos pais, bullying, cobrança de bom desempenho escolar, abuso e rejeição familiar, problemas pessoais ou familiares com álcool e drogas, dentre outros. São comuns também os distúrbios relacionados ao déficit de atenção e à hiperatividade. Às vezes, o aluno tem o transtorno, conhecido como TDAH, mas às vezes não. Trata-se apenas de momentos de sua vida escolar em que esses sintomas aparecem em razão de circunstâncias pessoais.
Que tipo de materiais e profissionais as escolas deveriam ter para dar apoio aos professores no trabalho com alunos que têm algum dos distúrbios de aprendizagem que o senhor citou?
Muitos são os materiais podem ajudar ao professor a lidar com essas circunstâncias. Nas séries iniciais, por exemplo, materiais sensoriais e concretos, como os materiais pedagógicos montessorianos. Nas demais séries (e também nas séries iniciais), o uso de novas tecnologias digitais tem propiciado bons resultados. Todavia, o mais importante é a formação do profissional que vai trabalhar com esses alunos e ajudar ao professor. Nesse ponto há uma grande contribuição da Psicopedagogia, que surgiu precipuamente em razão das dificuldades de aprendizagem na escola. Certamente, o profissional que conhece o autismo poderá escolher e usar melhor os recursos pedagógicos disponíveis.
Os professores saem dos cursos de formação preparados para lidar com os distúrbios de aprendizagem? Caso não saiam, o que deveria mudar nas licenciaturas, para isto?
É uma pergunta difícil de responder em poucas linhas. Em razão das contingências da educação no Brasil, já tanto debatida, grande parte dos professores se capacita por meio de programas de pós-graduação ou de cursos de extensão. É muito difícil um recém-formado sair da faculdade em condições de lecionar para alunos do ensino regular, quanto mais para alunos da educação especial. A proposta que se faz hoje, no que tange à formação do professor, é que ela seja feita a partir do seu campo de prática. Assim, poder-se-ia dar maior ênfase ao estágio docente e a disciplinas que abordem mais efetivamente a prática pedagógica.
O senhor tem percebido, por parte dos governos, uma preocupação com a educação para pessoas com deficiência? Que tipos de investimentos seriam necessários para preparar escolas e professores para este público?
Como falamos, precisamos de ações que viabilizem as políticas educacionais. Ações que as façam sair do papel e as façam chegar à sala de aula. Tais como: programas de capacitação de professores, gestores e da equipe pedagógica; programas de assistência à família; condições que possibilitem melhor avaliação do aluno e a produção de materiais pedagógicos. Não se trata de ações pontuais, mas efetivas e cotidianas. Não podemos negar os progressos, dentre os quais, a publicação da Lei 12. 764/12, Lei Berenice Piana, que Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista.
Autor dos livros “Autismo e inclusão” e “Autismo na escola: um jeito diferente de aprender, um jeito diferente de ensinar”, publicados pela WAK Editora, o especialista salienta que não há uma receita para o trabalho pedagógico com os autistas. Até porque o distúrbio afeta cada pessoa de forma diferente. Mas, ele salienta que algumas diretrizes, válidas para o público em geral, são fundamentais para trabalhar com este público.
“É necessário mergulhar nos afetos do autista: descobrir seus interesses, desejos, sonhos possibilidades, dificuldades, enfim, conhecê-lo bem. Em termos pedagógicos, o professor precisa descobrir quais habilidades seu aluno já possui e quais ele precisa adquirir. A partir daí escolher os materiais adequados”, destaca.
Pesquisador na área educacional vinculado ao Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas de Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF), Eugênio Cunha, nesta entrevista, fala sobre o que é o autismo, como pode ser feito o trabalho pedagógico com alunos que possuem este distúrbio, a necessidade de qualificação dos professores, inclusão de pessoas com deficiência, entre outros temas.
FOLHA DIRIGIDA — O senhor é autor de dois livros sobre autismo. Poderia nos explicar, em linhas gerais, o que é esta síndrome?
Eugênio Cunha — O autismo é uma síndrome proveniente de causas ainda desconhecidas, mas com grande contribuição de fatores genéticos. Trata-se de um transtorno complexo com sintomas e quadros comportamentais distintos. Os sintomas giram em torno de uma tríade principal: comprometimentos na comunicação, dificuldades na interação social e atividades restritas e repetitivas, o que ocasiona uma forma de pensar rígida, muito literal e com pouca ingerência simbólica.
Como o autismo interfere na capacidade de aprendizado de um estudante?
Primeiramente em razão da tríade: comunicação, interação e rigidez de pensamento. A escola é um espaço essencialmente social de comunicação e interação. Mas não é somente no espaço escolar que surgem as dificuldades, porque o aprendente com autismo cria formas próprias de relacionamento. Em consequência do convívio, todos nós adquirimos uma mente social, que nos possibilita fazer conexões apropriadas com o mundo ao redor. Todavia, na conduta autística, é comum a fixação demasiada em detalhes específicos, percebidos menos em razão do conhecimento social e mais por causa do estímulo que o indivíduo recebe de determinado objeto ou situação. Isto provoca comportamentos peculiares. Assim, a pessoa passa a ter uma relação singular com tudo que é externo, dificultando também a aprendizagem.
De que forma deve ser o trabalho pedagógico para um estudante autista? Que práticas e materiais o professor pode usar?
Eu sempre digo que não há receita de bolo. Digo também que não conheço dois autistas iguais. O que funciona com um pode não funcionar com outro. Porém, há aspectos básicos na aprendizagem humana que são inerentes também a alunos com autismo: a afetividade do aluno, os seus interesses e a funcionalidade do trabalho pedagógico. O que se ensina precisa fazer sentido. É necessário mergulhar nos afetos do autista: descobrir seus interesses, desejos, sonhos possibilidades, dificuldades, enfim, conhecê-lo bem. Em termos pedagógicos, o professor precisa descobrir quais habilidades seu aluno já possui e quais ele precisa adquirir. A partir daí escolher os materiais adequados. Podem ser habilidades sociais ou acadêmicas. Sempre priorizando a comunicação e a socialização.
Nos últimos anos, muitos têm defendido a inclusão de alunos com deficiência em turmas regulares. Isto é possível com os autistas? O que as escolas precisariam ter para a inclusão de alunos com autismo nas demais classes?
Primeiramente, precisamos lembrar que o autismo é uma síndrome com sintomas bem diferentes em cada indivíduo. Então, dependendo dos comprometimentos, é totalmente possível e até natural que alunos com autismo estudem em classes comuns, mesmo começando por uma classe especial. Não somente isso, mas que cheguem à universidade. Para tal, a escola precisa ser realmente inclusiva. Isto é, não apenas integrar o aluno fisicamente em seu espaço, mas se adequar a ele. Isso é possível, mas não depende só da escola. Depende também dos governos, principalmente dando condições para a formação do professor.
As escolas, de maneira geral, estão preparadas para incluir, nas turmas regulares, os autistas e, até mesmo, os alunos com outros tipos de deficiência?
Poucas são as escolas do ensino comum que têm espaços adequados e profissionais capacitados para trabalhar na educação inclusiva. São necessárias ações que materializem as políticas educacionais que tratam da inclusão no cotidiano das escolas. É um grande desafio. É preciso promover a preparação docente, adaptação do espaço escolar, investimento financeiro na aquisição de materiais pedagógicos e apoio à família do aluno com necessidades educacionais especiais.
O senhor é favorável à inclusão das pessoas com deficiência nas turmas regulares? ou acredita que o mais adequado é a existência de turmas específicas, com professores e materiais pedagógicos mais direcionados a esse público?
O que se pretende hoje na educação é um sistema inclusivo, que abarca a escola regular e a escola especial. A escola regular torna-se inclusiva quando prepara o aluno para seu espaço pedagógico e para a sociedade. Por sua vez, a escola especial também se torna inclusiva quando prepara o aluno para a escola regular e para a sociedade. Há turmas especiais em escolas regulares, mas devem seguir esse mesmo ideário. A educação na sociedade contemporânea demanda um tipo de ensino: o ensino inclusivo. Evidentemente, as necessidades do aluno dirão onde será mais adequado estudar: na classe comum, especial ou nas duas.
Na novela Amor à Vida, é retratada uma personagem com autismo. A forma como este problema está sendo apresentado é adequada? Reflete o dia a dia dos autistas? Acredita que, com este personagem, o público poderá entender melhor a realidade de um autista?
É sempre positivo trazer, com responsabilidade, a discussão a respeito do autismo e também de outras deficiências. Eu acredito e torço para que, com o personagem, o público possa entender melhor a realidade do autismo e, com isso, evitar o preconceito e a discriminação. Como os sintomas do autismo diferem de pessoa para pessoa e a novela está no inicio, não há como dizer, até o momento, que a forma como este problema está sendo apresentado não está adequada. Como eu disse, espero que até o final da novela os telespectadores conheçam um pouco mais sobre o assunto.
O senhor defende que educar o aluno com autismo exige uma relação dialógica, que pressupõe um modo diferente de aprender e de ensinar. Pode nos falar um pouco sobre essa relação?
A educação pressupõe ouvir o aluno, conhecê-lo. Com um olhar instrumentalizado e sensível, a partir do aluno, o professor estabelece seu trabalho. Na educação especial, não há metodologias ou técnicas salvadoras. Mas a possibilidade de uma formação do educando, considerando a função social e construtivista da escola. Entretanto, o ensino dos conteúdos escolares não precisa estar centrado nas funções formais e nos limites pré-estabelecidos pelo currículo escolar. A escola necessita aprender a lidar com a realidade de cada aprendente. Nessa relação, quem primeiro aprende é o professor e quem primeiro ensina é o aluno.
O senhor também é especialista em distúrbios de aprendizagem. Quais os que mais afetam os estudantes? Poderia nos falar, resumidamente, sobre cada um deles?
Os transtornos emocionais são comuns. São provenientes de problemas como perda do pai ou mãe, separação dos pais, bullying, cobrança de bom desempenho escolar, abuso e rejeição familiar, problemas pessoais ou familiares com álcool e drogas, dentre outros. São comuns também os distúrbios relacionados ao déficit de atenção e à hiperatividade. Às vezes, o aluno tem o transtorno, conhecido como TDAH, mas às vezes não. Trata-se apenas de momentos de sua vida escolar em que esses sintomas aparecem em razão de circunstâncias pessoais.
Que tipo de materiais e profissionais as escolas deveriam ter para dar apoio aos professores no trabalho com alunos que têm algum dos distúrbios de aprendizagem que o senhor citou?
Muitos são os materiais podem ajudar ao professor a lidar com essas circunstâncias. Nas séries iniciais, por exemplo, materiais sensoriais e concretos, como os materiais pedagógicos montessorianos. Nas demais séries (e também nas séries iniciais), o uso de novas tecnologias digitais tem propiciado bons resultados. Todavia, o mais importante é a formação do profissional que vai trabalhar com esses alunos e ajudar ao professor. Nesse ponto há uma grande contribuição da Psicopedagogia, que surgiu precipuamente em razão das dificuldades de aprendizagem na escola. Certamente, o profissional que conhece o autismo poderá escolher e usar melhor os recursos pedagógicos disponíveis.
Os professores saem dos cursos de formação preparados para lidar com os distúrbios de aprendizagem? Caso não saiam, o que deveria mudar nas licenciaturas, para isto?
É uma pergunta difícil de responder em poucas linhas. Em razão das contingências da educação no Brasil, já tanto debatida, grande parte dos professores se capacita por meio de programas de pós-graduação ou de cursos de extensão. É muito difícil um recém-formado sair da faculdade em condições de lecionar para alunos do ensino regular, quanto mais para alunos da educação especial. A proposta que se faz hoje, no que tange à formação do professor, é que ela seja feita a partir do seu campo de prática. Assim, poder-se-ia dar maior ênfase ao estágio docente e a disciplinas que abordem mais efetivamente a prática pedagógica.
O senhor tem percebido, por parte dos governos, uma preocupação com a educação para pessoas com deficiência? Que tipos de investimentos seriam necessários para preparar escolas e professores para este público?
Como falamos, precisamos de ações que viabilizem as políticas educacionais. Ações que as façam sair do papel e as façam chegar à sala de aula. Tais como: programas de capacitação de professores, gestores e da equipe pedagógica; programas de assistência à família; condições que possibilitem melhor avaliação do aluno e a produção de materiais pedagógicos. Não se trata de ações pontuais, mas efetivas e cotidianas. Não podemos negar os progressos, dentre os quais, a publicação da Lei 12. 764/12, Lei Berenice Piana, que Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário