Aqui está um pouco deste importante projeto "A Fada do Dente". Meu filho, o Cássio, ainda não começou a trocar dentição, mas assim que for o momento, participaremos!!
Muita gente chega para mim e diz: “o que é esse projeto com nome engraçadinho? Oque ele tem a ver com autismo?” Eu explico.
Provavelmente, vocês que estão lendo este texto agora sabem como um autista se comporta. Mesmo entre os diferentes tipos de autistas, é possível achar algo em comum, como a dificuldade de sociabilidade por exemplo. Entretanto, o que vocês não sabem é: por que o autista se comporta dessa forma? O que o faz diferente? Qual a explicação para isso? Estas perguntas permanecem ainda sem resposta até mesmo para os cientistas. O que sabemos é que alguns genes podem estar envolvidos. As diferenças que encontramos entre quem tem e quem não tem autismo só podem ser explicadas se conseguirmos “olhar” para o que está acontecendo dentro da cabeça do autista, ou seja, o cérebro, e isso não é possível, a não ser por exames de imagem, que ajudam, mas tem limitações.
O ideal seria que tivéssemos acesso às
células do cérebro dos autistas. Isso permitiria que estudássemos a
biologia e a genética dessas células, e permitiria que entendêssemos por
que pacientes geneticamente diferentes podem apresentar sintomas tão
parecidos. Bem, mas como ter acesso às células do cérebro? Hummm, não
dá, não é? Então resolvemos improvisar e produzi-las no laboratório.
Como? Usando as células-tronco que podem se diferenciar em células
encontradas no cérebro. Mas dá para usar qualquer célula-tronco? Não,
para virar uma célula do cérebro que funcione bem precisamos de uma
célula-tronco especial, a embrionária. Ixi! Mas já nascemos e não temos
mais essas células no nosso corpo! Então surgiu uma tecnologia em 2006,
que rendeu o Prêmio Nobel ao ilustre cientista japonês, Shinya Yamanaka.
Ele conseguiu colocar as células de um adulto na “maquina do tempo” e
fazê-las voltar a ser o que eram muito antes da gente nascer. Opa! Quer
dizer que se eu pegar as células de alguém que já nasceu eu consigo
fazê-las "voltarem no tempo" e produzir as células do cérebro e
estuda-las? Sim! Agora entra o projeto "A Fada do Dente”.
Nesse projeto usamos as células que estão dentro do dente-de-leite das crianças com autismo, quando esse dentinho cai. Esse recheio do dente é cheio de células,e então posso fazê-las "voltarem no tempo" e depois produzir as células do cérebro, em uma plaquinha de plástico, no laboratório. Criamos um modelo em uma plaquinha de plástico para estudar o autismo, e posteriormente testar medicações que possam reverter as alterações que encontramos nessas células. A isso chamamos “modelagem” do autismo. Isso tudo fora do corpo humano, por isso mesmo, só quando tivermos certeza que a medicação pode trazer benefícios com segurança que testaremos em pessoas.
Considerando ainda a variabilidade genética do autismo, os estudos que identificaramos genes que possivelmente estão envolvidos foram feitos até hoje com autistas de outros lugares, como Estados Unidos, Europa e Austrália. Como será que é a genética dos nossos autistas? Pode ser igual, claro, mas só saberemos com segurança quando checarmos, e o projeto “A Fada do Dente” pode fazer tudo isso.
Entretanto, para fazermos tudo isso, precisamos dos autistas e de suas famílias.
Nesse projeto usamos as células que estão dentro do dente-de-leite das crianças com autismo, quando esse dentinho cai. Esse recheio do dente é cheio de células,e então posso fazê-las "voltarem no tempo" e depois produzir as células do cérebro, em uma plaquinha de plástico, no laboratório. Criamos um modelo em uma plaquinha de plástico para estudar o autismo, e posteriormente testar medicações que possam reverter as alterações que encontramos nessas células. A isso chamamos “modelagem” do autismo. Isso tudo fora do corpo humano, por isso mesmo, só quando tivermos certeza que a medicação pode trazer benefícios com segurança que testaremos em pessoas.
Considerando ainda a variabilidade genética do autismo, os estudos que identificaramos genes que possivelmente estão envolvidos foram feitos até hoje com autistas de outros lugares, como Estados Unidos, Europa e Austrália. Como será que é a genética dos nossos autistas? Pode ser igual, claro, mas só saberemos com segurança quando checarmos, e o projeto “A Fada do Dente” pode fazer tudo isso.
Entretanto, para fazermos tudo isso, precisamos dos autistas e de suas famílias.
Como doar
O projeto “A Fada do Dente” está sendo
desenvolvido em parceria entre a Universidade de São Paulo e a
Universidade da Califórnia, em San Diego. Pacientes brasileiros e
estadunidenses estão doando seus dentinhos-de-leite para esse estudo.
Para fazer uma doação, entre emcontato conosco, através do e-mail projetoafadadodente@yahoo.com.br. Nós mandaremos um kit para a coleta do dentinho e todas as informações necessárias para fazer a doação para a sua casa.
Doe!
Vamos ajudar a descobrir mais sobre o autismo!
Patricia Cristina Baleeiro Beltrão Braga possui
graduação em Ciências Biológicas pela Universidade de Santo Amaro
(1990), mestrado em Microbiologia e Imunologia pela Universidade Federal
de São Paulo (1995) e doutorado em Ciências Biológicas (Biologia
Molecular) pela Universidade Federal de São Paulo (2000). Atualmente é
responsável pelo projeto da Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia, professor doutor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades e
professor doutor da Universidade de São Paulo. Tem experiência na área
de Bioquímica, com ênfase em Terapia Celular, atuando principalmente nos
seguintes temas: células-tronco, distrofia muscular, doenças genéticas,
terapia celular e cultura de células.
E-mail: projetoafadadodente@yahoo.com.br
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