Muitas pesquisas ainda vêm sendo desenvolvidas sobre a real causa do
autismo, mas um consenso em relação ao que caracteriza a doença já
existe. Segundo especialistas, são aspectos observáveis, como a
dificuldade no domínio da linguagem da comunicação, a falta de
habilidade para interagir socialmente e o padrão de comportamento
restritivo e repetitivo. No Brasil, 45,6 milhões de pessoas têm algum
tipo de deficiência, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dentre eles, estima-se que dois milhões sejam autistas.
Conhecido como autismo ou transtorno global do desenvolvimento, hoje,
a patologia é chamada de espectro autista, devido aos vários graus e
diferentes sintomas que abrange. O psiquiatra da Infância e da
Adolescência do CAPS do Grupo Hospitalar Conceição, vinculado ao Ministério da Saúde,
Marcelo Borges, explica que esta é uma doença que atinge principalmente
a comunicação. “O autismo se caracteriza quando a pessoa tem muita
dificuldade de socialização, de interagir com outras pessoas e fica
muito isolada, em uma visão de mundo só dela. Hoje se sabe que é,
basicamente, uma doença genética. Talvez influenciada por uma
colaboração do ambiente onde ela vive, mas com base genética”, define o
médico.
http://www.blog.saude.gov.br/diagnostico-precoce-e-fundamental-para-desenvolvimento-do-autista/
A diversidade dos sintomas dificulta a conclusão do diagnóstico pelo
profissional. No autismo clássico, por exemplo, os pacientes apresentam
deficiência intelectual alta e dificuldade no desenvolvimento da
linguagem. Nos casos moderados, ainda existe a dificuldade de expressão
verbal, mas eles conseguem desenvolver outro tipo de comunicação,
através de desenhos ou imagens. “Existem sintomas autistas desde muito
leves até níveis gravíssimos. O autista não necessariamente vai ter
dificuldade de capacidade intelectual e cognitiva. Algumas vezes, eles
são pessoas extremamente competentes e brilhantes, e profissionalmente
conseguem ter sucesso. O importante é identificar a doença cedo. Quanto
mais cedo ela for diagnosticada, mais cedo se institui um tratamento
adequado e melhor será o prognóstico”, explica Borges.
Diagnóstico – A doença não tem cura, mesmo fazendo o
tratamento a pessoa não vai ter uma vida social normal. Mas o trabalho
de estimulação, o uso de medicação e a interação são maneiras de
desenvolvimento, desde criança até a fase adulta. “Quando descobrem que a
doença não tem cura os pais acabam desanimando e não investindo em
tratamentos que iriam beneficiar os filhos. Não ter cura é uma coisa e
não ter o que fazer é outra completamente diferente. Tem muita coisa que
pode ser feita para ajudar, e muito, essas crianças e adolescentes.
Temos que investir nesses casos”, atenua o psiquiatra.
Entre os motivos mais comuns que levam os pais a buscarem ajuda
médica estão o constante olhar fixo do bebê e a falta de interesse por
outras crianças. O tratamento e o diagnóstico errados fazem com que a
criança seja pouco estimulada e perca a capacidade de se desenvolver.
“Como não são avaliados por um especialista, muitos casos acabam sendo
classificados como retardo mental, e na verdade não é isso. Eles têm
dificuldade de interação, mas tem a fala e a inteligência intactas”,
comenta.
Tratamento – O psiquiatra Marcelo Borges acredita
que a falta de informação ainda é o maior dos problemas e chama a
atenção dos pais: “Se conformar acaba piorando a situação. Procurem
ajuda porque existe tratamento. Procure o Sistema Único de Saúde,
vá ao CAPS”, enfatiza. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são
serviços de atenção à saúde mental, estão em mais de 1900 municípios,
são abertos para a comunidade e oferecem atendimento diário com
psiquiatria, fonoaudiólogo, terapia ocupacional, e outros.
Não existe tratamento padrão que possa ser utilizado nesses casos. Os
pacientes exigem acompanhamento individual, de acordo com as
necessidades e deficiências. Os tratamentos são realizados por equipes
multidisciplinares e vão desde terapia ocupacional e psicoterapia, até a
medicação com antipsicóticos, nos casos de pacientes mais graves. “A
gente procura estimular o máximo possível nos tratamentos a questão da
comunicação e da interação. O objetivo é que o paciente possa se
comunicar melhor, se relacionar melhor com as pessoas”, explica Marcelo
Borges.
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